quinta-feira, 16 de junho de 2011

Fonte Ricardo Gondim "Soli Deo Gloria"


                                            Os sem igreja “são alienados”

Nos últimos 2 meses recebi uma quantidade imensa de e-mails que diziam respeito a crítica à igreja e a crítica aos críticos da igreja.

De um lado temos os que demonizaram a instituição e fizeram dela o mal supremo do cristianismo. Segundo estes, a essência do amor, da aceitação e responsabilidade social e da igualdade entre os indivíduos foi totalmente perdida no momento em que a igreja virou um jogo político formada por uma hierarquia não-bíblica. A solução para tal problema é: “Fuzilem a instituição!”. O problema desta posição é uma visão extremamente limitada sobre a instituição. Com certeza a instituição foi prejudicial, mas não por causa dela mesma e sim por causa dos homens que a fizeram. A instituição por si não é nada, ninguém vê a “instituição” extirpando a graça de Deus. Pelo contrário, quem faz isso é o homem. O homem como organizador da igreja institucional é que causa os problemas da igreja instituída. Desta forma, toda crítica que diz que a instituição é um mal para ocristianismo e uma crítica superficial. O problema é dos homens, inclusive desses críticos! É impossível conviver em um local com várias pessoas sem que algumas regras e hierarquias sejam formadas. Isto é necessário para a organização e, para o horror dos “críticos”, presente na bíblia! Existe uma ordem e uma hierarquia na bíblia. Obviamente não uma exploração de poder, ou distanciamento do pastor com o rebanho como as vezes acontece na instituição. Mas negar que existe uma ordem, uma certa hierarquia, é fazer uma leitura sobremodo superficial e baseada em preconceitos (diga-lhe Frank Viola, padroeiro dos sem-igreja!).

Mas, por outro lado, existe a crítica dos que orgulhosamente dizem: “Eu sou um fundamentalista”. Estes, por sua vez, sequer levam em conta o que os teólogos que ELES dizem ser liberais estão dizendo. Não sabem partir do texto ou do pensamento mesmo deles, mas já os analisam com uma série de preconceitos e críticas. Liberal para esses é todo aquele que não concorda com aquilo que eles pensam. Contra a instituição? Liberal... Não crê na inerrância bíblica? Liberal... Não crê na predestinação? Herege... Simpatiza pela neo-ortodoxia? Ah, é quase um liberal...(!). Orgulhosos e donos da verdade eles rejeitam toda crítica que pode ser construtiva proveniente da igreja emergente, dos teólogos da libertação, dos próprio liberais, etc. Já ouvi inclusive alguns dizendo que o Brennan Manning e o Philip Yancey são liberais (!!!!!!!). Isto revela um total preconceito, tradicionalismo (no mal sentido da palavra), e o que é pior, desconhecimento daquilo que tanto criticam.

O que me gerou indignação diante de tal grande quantidade de e-mails é que um acusa o outro de erro, de tolice, de falta de fé, de desconhecimento da graça de Deus. O outro é sempre o alienado! Nenhum pensa em criticar o seu próprio pensamento, pois isso exige confronto e troca de ideais. O caminho do equilíbrio, da retenção do que é bom, é na maioria das vezes ignorado. Acaba se formando os “fundamentalistas de esquerda” (contra tudo o que é tradição) e os “fundamentalistas de direita” (contra toda a inovação e novo pensamento).

A temperança é o caminho necessário para o cristão, como já dito, o equilíbrio. Aconteceu a mesma coisa nas antigas discussões sobre predestinação e livre-arbítrio. Quantas “cabeças rolando” por uma discussão que, em qualquer tomada de decisão em um ponto de vista, exclui uma outra possível leitura da realidade e da teologia.

O que proponho não é um relativismo, mas sim um pensamento dialético (não no sentido de Bultmannou Barth), que busca ver os dois lados, ponderar, conflitar, e chegar em uma conclusão, onde um relativismo não chegaria.

Mas quem sabe eu também não possa me tornar um defensor fanático de um método contra o fanatismo? Cabe então até o questionamento sobre isso. Contudo, ao que parece, a necessidade da teologia hoje é achar um ponto de equilíbrio, de convergência entre os diversos pólos opostos defendidos por seus “fieis”.

Fica aqui esta reflexão, se você se irritou ou se identificou com algo, era pra você; se você se sentiu indiferente, também era pra você!

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